O Brasil é o país que possui o maior número de faculdades de odontologia do mundo, portanto o maior formador de dentistas. Em contra partida, há bem pouco tempo, foi considerado o país com a maior população portadora de cárie!!! Como isto é possível?
A resposta é muito simples: faltam informação e educação precoce!
A cárie dental é uma doença e, para que seja feita sua prevenção é primordial que se saiba como ela surge.
Infelizmente na formação dos dentistas, prevalece a visão restauradora, ou seja, visa-se apenas o tratamento da doença, e por isso mesmo, poucos são os dentistas que explicam aos seus pacientes como a doença cárie se desenvolveu. Desta forma, as pessoas ficam sem saber como adquiriram a cárie, que vai passando de geração a geração como se fosse um mal inevitável!
A cárie é uma doença transmissível, ou seja, passa de uma pessoa para a outra e, normalmente, seu principal vetor é a própria mãe. Além disto, é multifatorial, ou seja, para que se desenvolva são necessários que vários fatores ocorram ao mesmo tempo. Esses principais fatores são: A presença dos dentes; A ocorrência da bactéria no meio bucal; Grande frequência de ingestão de alimentos que contenham açúcar e finalmente, Higiene dental precária. Se estes fatores estiverem atuando juntos, em pouco tempo haverá perda de minerais na estrutura do esmalte dental, o que, certamente, causará algum tipo de cavidade, já conhecida por todos aqueles que já foram palco do desenvolver da doença cárie!
Desta forma, se for ensinado precocemente à gestante os cuidados que ela deve adotar para consigo e para com o bebê, muitos destes fatores poderão ser até eliminados, fazendo com que o risco do desenvolvimento da cárie nela própria e na criança seja imensamente diminuído.
O principal fator que leva a ocorrência da cárie é a sua negligência quanto a higiene bucal, que, nesta fase é relevada. Muitas gestantes, principalmente no início da gestação sentem náusea e chegam a vomitar algumas vezes ao dia, o que deixa a boca ácida possibilitando, desta forma, a descalcificação do esmalte dentário. Por estar passando por um momento especial onde há várias mudanças de aspecto, tanto fisiológico quanto emocional, esses fatores podem se agravar e causar maiores danos a mãe e também comprometer o bebê.
Vejamos:
Durante a gravidez, uma grande quantidade de hormônios entra na circulação podendo agravar casos de gengivite – inflamações que ocorrem nos tecidos gengivais. Neste caso, ocorrerá um aumento do sangramento gengival, passando por um edema até atingir os tecidos ósseos, alcançando a mobilidade dental, ou seja, a periodontite.
Este processo é tão típico na gravidez que é denominado de “Gengivite Gravídica”.
Persistindo por muito tempo, poderá prejudicar também o bebê pois, as substâncias produzidas em processos inflamatórios crônicos tem possibilidade de cair na circulação, entrar na cavidade uterina durante a gestação e provocar a ocorrência de partos prematuros, ou fazer com que os bebês nasçam com baixo peso ou com menor desenvolvimento!
Assim observa-se, que a saúde bucal esta totalmente ligada a saúde sistêmica e, uma vez que se adote medidas preventivas em relação aos cuidados bucais do bebê, a gestante estará garantindo sua saúde como um todo.
Atualmente, sabe-se que a mesma bactéria que causa estas doenças, quando ingerida pela criança, pode se alojar em órgãos vitais como coração, pulmão e rins e causar graves doenças mais tarde.
Desta forma, manter o equilíbrio e a saúde bucal desde o início da vida do bebê é uma questão indispensável para se alcançar uma vida saudável.
Foi com este objetivo que há dezoito anos criou-se o Projeto Odonto Bebê. Através de consultoria e palestras realizadas em berçários, escolas, hospitais e empresas a odontopediatra, Marcia Amar, divulga esta proposta de preservação da saúde bucal com medidas fáceis de serem aprendidas e utilizadas.
Faz parte deste projeto: Orientações sobre dieta e higiene bucal para as gestantes; Técnicas higiene bucal do bebê desde seu nascimento; Cuidados para evitar transmissão de bactérias para o bebê; Preparo para o aleitamento materno; Relactação; Indicação do uso de chupeta; Desmame e uso de copo de transição ao invés de mamadeiras, além de outras questões fundamentais e necessárias a serem postas em prática desde o início de sua vida.
Com a prática, pôde-se observar que, com educação e orientação precoce, uma nova atitude é tomada em relação aos cuidados da mãe na fase da gestação e para com próprio bebê, contribuindo, assim, com a formação de uma nova geração livre de cárie, doenças bucais e consequentemente muito mais saudável.